Prezada Jornalista Bruna Drews, de São Paulo
Há dias li sobre os constrangimentos que alegaste sofrer de teu ex patrão, o “seo” José Luiz Datena, e nunca me desliguei mentalmente da barbárie que o machismo representa no massacre às mulheres.
Não entrarei no mérito do processo que demandas contra isso que se pode denominar de tremenda falta de respeito pelo caráter opressivo e de assédio moral.
Mais do que problema moral o assédio, por ser abuso de poder, é típico subproduto perverso do capitalismo.
Mesmo que os chefes não sejam os proprietários dos meios de produção eles se acham patrões e com poderes para abusar de auxiliares – trabalhadoras – inclusive, sexualmente.
Segundo o site Notícias da TV tu adoeceste por te sentires ameaçada de morte pelos bandidos denunciados por tuas reportagens. Tuas queixas se marcavam por depressão causada pelos constrangimentos e pelo excesso de trabalho.
Tua frase “depois do assédio, caí totalmente. Eu pensei: caramba, estou trabalhando com um cara que não me vê como profissional, mas como um pedaço de carne” é de cotar a alma.
Posso completar que o “seo” Datena não deixava apenas de te ver como profissional, cujo trabalho ele e a Band exploraram à exaustão, mas também não te avaliavam como ser humano e, especificamente, como mulher.
Aliás, a visão desse senhor, do seu programa e da Band não é nada de respeito à sociedade e às pessoas.
O “seo” José Luiz Datena enche as burras de dinheiro com as desgraças da insegurança social, com acusações de pessoas a quem ele julga e condena pelo ar com o objetivo de ganhar audiência e de angariar patrocínios.
Os programas desse falso jornalista são puro sangue e pregação do ódio.
Portanto, o contexto da banalização da vida humana também atingiu a tua pessoa, te encharcando de depressão e de senso de menos valia, como um pedaço lindo de carne, como alegas.
Esse é o olhar do capitalismo sobre quem trabalha.
Programas policiais, eivados de porcarias, usados por quem manipula a insegurança social ensanguentada por bandidos e policiais milicianos, o são com o objetivo de ganhar dinheiro e levantar audiência insana, alienante e alienada.
Portanto, querida jornalista Bruna Drews, é este o ambiente no qual foste massacrada pelo machismo e pelo preconceito quanto a tua orientação sexual.
O contexto apodrecido do capitalismo lixo exercido por Datena e sua emissora não merece a tua depressão. Nele só pode existir esse tipo de escumalha. O apresentador e a emissora só podem dar o que têm.
Tu mereces, isto sim, é vires para a luta ao lado da classe trabalhadora à qual pertences.
A luta, claro, ao lado das medidas judiciais, é tratamento que cura de todas as doenças e constrangimentos que, como mulher, sofreste.
Ao machismo se enfrenta na luta contra as atrocidades do atraso de homens e de empresas que imaginam que podem explorar as mulheres, tanto pelo assédio como pela exploração.
Nessa marcha mulheres e homens se unem porque o problema é de classe, é questão econômica e política.
Nada explica e nada torna justificável que homens se sintam empoderados para assediar e estuprar mulheres bonitas e inteligentes, como é o teu caso.
Onde quer que as mulheres sejam perseguidas por assediadores e por estupradores, seja em suas casas, em seus trabalhos, em suas igrejas, ordens religiosas, ruas e transportes públicos o são pela mentalidade capitalista, que explora e usa as pessoas ao belo prazer dos exploradores e de seus delírios dominantes.
Abraços críticos e fraternos e que ninguém solte a mão de ninguém.